quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O papel da família, da escola e da empresa na educação do trabalhador

A cada novo dia, das empresas são exigidas mais responsabilidades visando cumprir a lei dando ao trabalhador, além de todos os seus direitos econômicos, a proteção à sua vida e à sua integridade física. A legislação trabalhista obriga as empresas a darem ao trabalhador todos os EPIs-equipamentos de proteção individual, além de treinamento para usá-los e cobrança no seu uso.

Quando o trabalhador sofre um acidente de trabalho, a menos que existam advertências, por escrito, da CIPA-comissão interna de prevenção de acidentes, comprovantes de entrega dos EPIs e ordens de serviço assinadas, a empresa arcará com os custos diretos e, no mínimo, indiretos desse acidente. Custos diretos como tratamento médico, 15 dias de salário até que o Seguro de Acidentes de Trabalho passe a fazê-lo. Custos indiretos como o efeito psicológico negativo que um acidente causa nos demais trabalhadores, reduzindo a produtividade, contratação de um novo trabalhador, entre outros como um aumento na alíquota do SAT-Seguro de Acidente de Trabalho, recolhido na guia da contribuição previdenciária. E não se pode esquecer que acidente de trabalho é aquele que ocorre durante a execução ou no trajeto de ida e volta ao trabalho.

Quando o acidente ocorre durante a execução do trabalho, tende-se a ter pena do empregado e olhar de maneira reprovadora para a empresa, como se fosse a única culpada. Mas, nessa situação, cabe uma pergunta muito pertinente: Será que a educação do trabalhador, até para cuidar de sua vida e de sua integridade física, é responsabilidade só da empresa? Qual o papel da família, da escola e da sociedade nessa questão? Será que um acidente de trabalho – e nada consegue ser pior do que ver alguém se machucar ou perder a vida enquanto ganha o seu sustento e o da sua família – é responsabilidade só da empresa? Esta tem a responsabilidade legal de cuidar, porém um empregado educado para o trabalho e consciente de seu papel pode ajudar muito a empresa, a sociedade e a si próprio nessa tarefa.

Quanto custa para a sociedade um acidente de trabalho? Quando ocorre a morte do trabalhador se tem um custo impossível de ser mensurado. A vida é um bem ao qual não se pode atribuir preço. Pode, sim, atribuir valor, porém preço, jamais. E o sofrimento de um trabalhador que fica, em alguns casos, meses ou até anos para se recuperar? Aí sim, tem preço e tem custo. O preço é pago pelo trabalhador e seus familiares e o custo é pago pela sociedade.

Na atual realidade, infelizmente a família e a escola não preparam adequadamente os jovens para o trabalho. Particularmente a família tem como especialidade preparar o jovem para o consumo quando o melhor seria dar ao jovem o ensinamento de como auferir renda. Consumir é como respirar. Já se nasce sabendo. Agora, trabalhar e gerar renda, entendendo que para isso será preciso montar uma empresa ou trabalhar nas empresas existentes, é bem mais difícil de aprender. Hoje, além de ofertar a
oportunidade de trabalho e emprego, as empresas precisam ensinar o jovem a trabalhar, responsabilizar-se por cuidar de sua vida e de sua integridade física e, além disso, ainda pagar-lhe um piso salarial mínimo. Está justa essa divisão de tão relevante tarefa?

O economista Alfredo Fonceca Peris atua como consultor de empresas em Cascavel-Pr.