terça-feira, 26 de novembro de 2013

O que fazer em 2014: ano de eleição presidencial e Copa do Mundo no Brasil?

O final de um ano sempre gera uma expectativa especial: a espera pelo ano novo. E o que fazer num ano especialmente cheio de grandes eventos? No campo da política, eleições praticamente gerais, onde, entre outros, elegeremos os governadores de estados e o presidente da República. Nos esportes, teremos a realização da segunda Copa do Mundo, no Brasil.

Particularmente, para as empresas, será um ano de muitas oportunidades como tem sido os últimos anos. As condições básicas para o aproveitamento de uma grande oportunidade começam pela sua identificação e tem continuidade caso se tenha condições de satisfazê-la. Caso contrário, mesmo identificada, deixa de ser uma oportunidade.

O Brasil, desde 1989, com as primeiras iniciativas do Governo Collor em abrir a economia brasileira ao mundo, vem criando muitas oportunidades para as empresas. Porém, muitas vezes, essas oportunidades estão sendo desprezadas porque não se está conseguindo fazer a leitura correta da situação.

Nesse período, no qual já decorreram praticamente 25 anos, assistiu-se a profundas transformações no sistema produtivo mundial. Assistiu-se aos países da Ásia transformarem–se em grandes fornecedores mundiais de uma significativa gama de produtos de consumo. Enquanto isso, assistiu-se ao Brasil transformar o seu sistema de consumo. O Brasil, com suas políticas de inclusão social, incorporou uma significativa parcela da população ao mercado de consumo.

Por outro lado, o sistema produtivo se debate com questões como o câmbio, a taxa de juros, a falta de infraestrutura, a carga tributária, a complicada legislação trabalhista, os problemas do sistema de educação, entre outras questões relevantes. Todavia, muitas empresas não encontraram fórmulas para driblar todas essas adversidades e revolucionar a produção tal qual foram revolucionada as condições de consumo.

Talvez se espere do governo, no que tange ao setor produtivo, o mesmo que fez com o setor de consumo. Deve-se lembrar que é muito mais fácil, infinitivamente mais fácil, fomentar o consumo do que fomentar a produção. Consumir é mais fácil, mais rápido e mais prazeroso do que produzir. Só que não é suficiente. Pode ser suficiente para dinamizar uma economia por um período de tempo, mas não é suficiente para sempre.

O Brasil precisa fazer com a produção industrial e com a produção de serviços o mesmo que fez com o consumo. Exemplos de como fazer isso não estão muito distantes. É só olhar para o setor agropecuário brasileiro e pode se ter uma idéia de como fazê-lo.

O governo não tem conseguido resolver os problemas da produção e também, por mais bem intencionado e por mais que trabalhe não o fará num curto espaço de tempo. Essa transformação é como o movimento de um gigante. Todo gigante ao se movimentar, o faz devagar. Logicamente tem-se que lembrar que todo aquele que ficar na área de manobra desse gigante muito provavelmente será esmagado. E aí está o grande desafio: descobrir em que direção o gigante se move. Esse gigante pode ser o governo mudando sua estratégia de atuação como pode ser o mercado em um processo de transformação.

Assim, um bom caminho a ser seguido em 2014, particularmente para as empresas, é se debruçar sobre o seu processo de produção, tanto de bens quanto de serviços, estudá-lo com atenção e investir pesado no treinamento das pessoas e na revisão dos processos. Somente com essas pequenas ações se consegue um ganho de produtividade extraordinário. Isso custa essencialmente tempo e dedicação e exige pequenas importâncias em investimentos.

Com o ganho de produtividade obtido se reduz custos e se credencia a empresa para investimentos em novos espaços e em novas máquinas e equipamentos. Mas, o mais importante, é a mudança de cultura que particularmente credenciará a empresa para inovações e aumento permanente da produtividade, a melhor maneira de se reduzir custos e aumentar a lucratividade.

A opção por revolucionar a produção pode ser capitaneada e liderada pelo governo mas só será implantada com efetividade se as empresas incorporarem em sua filosofia uma busca incessante pela qualidade e pela produtividade. E para começar o processo, não precisa de nenhum movimento de gigante, nem do governo e nem do mercado. As condições estão postas. Aqueles que tiverem o desprendimento e a coragem de fazê-lo sairão na frente e poderão liderar o processo de revolução no processo produtivo brasileiro visando o aumento da produtividade e da qualidade, o que beneficiará não somente as empresas bem como os trabalhadores e o país como um todo. O consumo foi revolucionado, o desafio para 2014 e os anos seguintes será revolucionar também a produção.

Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial